quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sangue e Afinidade

Durante a faculdade, escutei algo muito interessante de uma colega de outro curso. Estávamos conversando sobre as relações familiares e ela disse que gostava mais de uma determinada pessoa (não relacionada com ela por sague) do que da própria mãe dela. "Não respeito sangue, respeito pessoas." disse ela.

Na hora me pareceu um absurdo uma pessoa dizer um negócio daqueles. "Isso e coisa de estudante revoltado" pensei. Mas depois de raciocinar sobre o assunto (ainda na época), cheguei à conclusão de que ela tinha a mais completa razão. Explico melhor.

O que ela tinha em mente (e eu passei a ter também) era que as pessoas são completamente diferentes. Enquanto eu posso ter pais maravilhosos e irmãos amigos, outra pessoa pode ter uma mãe repressiva, um pai molestador e um irmão canalha. Aquilo me pareceu absurdo na hora, mas, depois de algum tempo, me pareceu claro como o dia.

Dizem que amor de mãe é sem igual. O que dizer, então, de uma mãe que abandona sua prole para fugir com o amante. Ou da mãe que larga seu filho recém-nascido no lixo. O fato é que ligação sanguinea vale tanto quanto moeda de um centavo.

Então, amiguinhos, reflitam sobre o valor que vocês dão ou deixam de dar às pessoas! Não julguem ou se orientem apenas por laços familiares. Talvez àquela tia ou até mesmo seu avô não valha tanto quanto um amigo verdadeiro ou sua amada namorada.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Esclarecimento

O jurídico informa: falar mal do são joão de Caruaru por meio da internet pode dar dor de cabeça.

Então esqueçam o que leram no post "Não recomendo (parte 1)". Ele já foi deletado.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pasárgada e os Vencedores

Quem lê o poema de Manoel Bandeira, no fundo sente um pouco de inveja do Recitante. É fácil imaginar por quê. O cara vai pra um lugar maravilhoso, onde tudo que ele faz está fora de sua rotina e, além disso, está dentro do que lhe conferiria enorme prazer.

Todos temos nossas Pasárgadas. O lugar dos sonhos, onde tudo de melhor que a vida há de oferecer está ao alcance de um pedido (afinal, lá, somos amigos do Rei, certo?). Uns sonham com calmaria, outros com aventura, outras com um passeio no shopping mais próximo. Mas o que é consenso é a insatisfação com nossa realidade.

O homem médio é, por natureza, uma pessoa insatisfeita. Vejam que não disse infeliz, mas INSATISFEITA. O fato é que chega um determinado momento na vida de uma pessoa comum, que ela simplesmente cansa. Seja do trabalho, da família, dos amigos, do que for. Cansamos! O acumulo de problemas pequenos, ou o surgimento de um problema mais grave, nos faz querer "dar um tempo". Parar, relaxar e, só então, enfrentá-los (se realmente for necessário, é claro!).

É nesse momento que conseguimos distinguir os que chegarão ao topo dos que simplesmente continuarão onde estão. Nossas frustrações deveriam ser nossas molas propulsoras. Afinal, dificuldades, todos têm. A diferença entre os que crescem e os que ficam onde estão, é o modo como lidamos com estas. Face os problemas, a idéia de Pasárgada nos soa tão boa e tranquilizante que esquecemos "Por trás de todo problema existe uma oportunidade brilhante disfarçada". (John Gardner)

Então, por mais chata que esteja a situação, ou por mais complicados que estejam os problemas: PERSISTA! Mesmo que Pasárgada esteja mais convidativa que nunca.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Um verdadeiro homem

A pouco, estava vendo a entrevista dada por Juninho Pernambucano ao Sportv. Eu sempre fui fã dele, afinal, quando eu era mirim do Sport, ele tinha acabado de ascender ao profissional (sonho de qualquer garoto de qualquer divisão de base de qualquer clube). Então, quando ele chegou ao profissional, Eu e todos que treinavam no Sport sentimos que era possível realizar esse sonho.

Lembro como se fosse hoje ele entrando em campo careca, com uma cabeça maior que o corpo. É que o pai dele (pelo menos assim reza a lenda que nos era passada no colégio rubro-negro) só o deixou jogar profissionalmente depois que ele passou no vestibular. Verdade ou não, ele foi o primeiro jogador que vi que não cometia erros de concordância e só isso já era um fato para admirarmos nele.

Com o passar o tempo e as conquistas (além do fato, é claro, dele ser pernambucano e torcedor do Sport) minha admiração por esse cara só cresceu. Apesar das muitas injustiças cometidas com ele na seleção e algumas pela imprensa (assim como com Rivaldo) ele continuou respondendo dentro de campo e com a cabeça erguida, como bom pernambucano.

Hoje, percebo que aquele cabeçudo não era só intelecto e talento, mas também muito coração. Mesmo que esse coração bata mais forte pelo Vasco, onde ele se tornou o profissional que eu queria que ele tivesse sido no Sport, ainda assim, o amor que ele demonstra pelo Clube de Regatas Vasco da Gama é algo que não vejo faz tempo em um jogador profissional.

Ele topar jogar com um contrato onde ele ganhará apenas um salário mínimo é algo irreal. Sei que ele já é milionário e que dinheiro não é mais algo que faça falta para JP, mas o fato que não conheço outro jogador que tenha topado fazer a mesma coisa que ele está fazendo. E olhe que existem outros bem mais idolatrados que ele.

Acredito que nunca veríamos, por exemplo, Edmundo fazendo a mesma coisa pelo mesmo Vasco. Ou kuki pelo Náutico, ou Renato Gaúcho pelo Grêmio etc... A diferença não está no amor pela camisa ou na história com o time. A diferença entre JP e todos os outros está na honradez. Por consciência de que pode não render o que se espera dele, ele escolheu por fazer o que é certo e o que poucos profissionais fariam.

A diferença dele para os outros está na humildade de reconhecer-se como ser humano limitado pela idade (fator preponderante para queda de rendimento de um atleta). No fato de reconhecer-se como uma pessoa que já conquistou mais do que poderia sonhar em conquistar quando iniciou sua carreira. De mostrar que a mera pecúnia não pode comprar seu caráter ou seu amor por uma instituição que fez dele quem ele é hoje (ou que pelo menos completou sua formação de maneira brilhante).

Arrisco a dizer nenhum profissional faria o mesmo que ele fez. Pelo menos não os do mundo da Bola.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Será que temos jeito

Estava na minha cama, pensando na situação do Brasil. Geralmente fico pensando nisso depois de ler a VEJA. Após um de meus muitos devaneios, cheguei à conclusão de que o Brasil não tem jeito. Aliás, jeito tem, mas as pessoas não querem que esse jeito seja dado.

Depois de ver o Jornal Nacional, que hoje trouxe várias soluções inteligentes e sustentáveis para o problema do consumo de energia, conversei com minha noiva e ela (como a maioria dos brasileiros) disse que aquilo que estávamos vendo, nunca daria certo no Brasil. Eu retruquei dizendo que era claro que daria (aliás, daria certo em qualquer lugar do mundo).

Foi nesse momento que ela disparou a famosa frase que está na ponta da lingua da maioria dos brasileiros que conhecem como funciona o sistema por aqui: "Meu amor, falta vontade!". Foi aí que caí na real e percebi que ela não falava da solução brilhantemente dada pelo engenheiro de Estocolmo ou pela de seu colega alemão. Ela falava de nossa conjuntura como um todo.

Pouco depois dessa conversa, fui ler a VEJA e por mais que eu discordasse dela, o fato é que os veículos de informação dizem que ela está certa. Não gosto de remoer problemas, mas de achar soluções. E elas existem! As mais diversas soluções podem ser dadas para nosso caso. Mas será que queremos mesmo que elas saiam do papel?

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Baderna de quem não quer nada com a vida

Hoje, visitei meu antigo lugar de trabalho, o IFPE. Como era dia de debate entre os candidatos a Reitor, logo que cheguei fui direto para o auditório  e o encontrei completamente lotado. Com àquela visão, fiquei, a princípio, satisfeito. "meu Deus, como é bom ver esse alunos todos interessados no debate!" pensei.

Como ex-servidor da casa, (teoricamente) não poderia, ou melhor, não teria lugar reservado para assistir o evento. Principalmente com o auditório lotado como estava. Mas, como bom maloqueiro da CDU, deu meus pulos e consegui entrar. Bem, lá dentro vi que o acumulo de alunos lá fora, estava gerando certa insegurança lá dentro. Logo, então percebi a realidade.

Os alunos que lá estavam, não estavam para acompanhar o Debate (que estava sendo transmitido ao vivo pela internet, diga-se de passagem), mas sim para perturbar. Só percebi que eles não estavam nem aí para o debate, quando começaram a fazer coro com a música de estádio "UH VAMO INVADIR!!!" e outros de torcidas organizadas.

A realidade é que a maioria dos que ali estavam só queriam saber de perturbar e "gazear" aula. O absurdo comportamento destes alunos chegou ao ápice quando eles começaram a ameaçar os servidores que ali se encontravam. Isso mesmo: ameaçar!

O IFPE é uma escola. Como tal, tem em sua função precípua a EDUCAÇÂO! No meio do calor da situação, foi sugerido (não apenas por mim) que a polícia fosse chamada para controlar a situação, antes que acontecesse o pior. Foi quando um servidor (de verde) disse que chamar a polícia só iria piorar a situação. Nessa hora pergunto: Piorar como?

A verdade é que aquela situação parecia (ao menos para mim) totalmente armada! Armada para que o debate não acontecesse. Bem, mas como isso é mera suspeita, não posso comentar.

Mas o que posso (devo e vou comentar) é a falta de respeito desses alunos para com sua própria  escola, com os servidores públicos que ali estão para (também) servi-los e com eles mesmos.

Até onde eu saiba, a comissão eleitoral foi, também, eleita por todos de forma democrática! Então por que questionar agora um procedimento que já havia sido definido em edital criado por uma comissão legitimamente eleita?

A realidade é que os que estavam lá fazendo arruaça, só queriam tumultuar o ambiente. Tinha uma menina enlouquecida que, da parte de dentro, rogava aos que lá fora estavam que eles entrassem a força. Bradava que os servidores não deveriam estar lá e que aquele debate deveria ser feito apenas para os alunos.

Cheguei junto dessa figura e a perguntei por que, ao invés de incitar os "revoltosos", ela não ia para o palco e sugeria um adiamento do evento e mudança de local? Ela, com toda sabedoria de uma pré-candidata a deputada pelo PSTU, me respondeu que os alunos não estavam sendo representados ali. Que o Campus tinha sete mil alunos e que... Neste momento, a interrompi.

Lhe disse: "sim, certo. E você acha que aqui cabem sete mil alunos?"
Ela: " mas nesse caso seria só para os alunos da manhã."
Eu: "Melhor ainda, desconsidere os alunos da manhã. Considere apenas seus colegas que estão lá fora. Digamos que tenham 500 alunos lá. Vai caber esse povo todo aqui?".

Ela, nesse momento, ficou em silêncio. Foi quando eu continuei "Claro que não caberia e você sabe disso. Então, por que ao invés de você ficar incitando que eles quebrem a porta do auditório (que seria crime, por sinal), você não os acalma antes que alguém saia ferido?".

Sabem qual a resposta dela? O silêncio. Percebi neste exato momento que mais que rebeldes, estes pseudo-anarquistas não passavam de rebeldes sem causa. O típico aluno que não está nem aí pra própria vida acadêmica, que dirá para os problemas da escola como um todo. Isso é gente que só quer aparecer. Principalmente os "líderes".

Decepção é a palavra de ordem hoje.

PS: depois comento sobre a organização do debate e quem eu acredito que poderia ter contornado a situação se pudesse atuar.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O papel das Universidades no Brasil

Hoje, conversando com minha irmã, discutíamos sobre o novo movimento do sindicato dos servidores públicos da UFPE. Ela argumentava que o movimento estava pedindo coisas justas ao governo de modo errado e que o erro mais contundente estava no fato de estarem pedindo que não fosse instalado o ponto eletrônico para os servidores pois os professores não teriam que se submeter as mesmas regras.

Voltando para a Universidade, fui ler as reinvidicações da categoria. Realmente, ela tem razão! As reinvidicações são justas, mas as justificativas são ridículas. Bem, mas isso é assunto para outro post. O que se sucedeu a nossa discussão foi a constatação de que o papel das universidades está deturpado no Brasil.

Explico melhor. Se eu perguntar a você, leitor, qual o papel de uma universidade na sociedade, que você me responderá? Certamente a maioria dos senhores me dirá que é a formação de profissionais de qualidade, ou preparar os cidadãos que construirão o amanhã, ou qualquer coisa desse tipo. Amigos, os senhores estão totalmente equivocados! Melhor, falando como eu diria a um amigo íntimo: Vocês tão falando MERDA!

Mas não fiquem com raiva, que isso não é culpa de vocês, não. É culpa do nosso processo de desenvolvimento histórico que nos passou isso. Deixem eu contar uma história:

No meu primeiro dia de aula da faculdade (introdução a Adm.), nosso professor nos disse que alguns de nós iríamos sofrer muito na universidade porque não iríamos nos acostumar com o fato de que a universidade não serve para o ensino. Segundo ele, o ensino é só um complemento do que a universidade faz. Ela serve, de fato, para produção de conhecimento!

Na minha cabeça, naquela hora, aquilo não entrou. Mas hoje, depois de muito apanhar e de servir em duas escolas públicas, vejo que o que ele falou do alto de seus 25 anos de Docência (isso naquela época, 2003) era a mais perfeita verdade. Quem quer ser profissional qualificado, procure os cursos técnicos!

Nos "países ricos", fazer um curso superior é um luxo para poucos. Ou você é muito rico, ou é um excelente aluno. Ou, ainda, seus pais conseguiram juntar durante toda sua vida para lhe pagar um curso superior. Lá fora, ensino superior é um privilégio! Aqui no Brasil, principalmente nas duas ultimas gestões (FHC e Lula), os cursos superiores passaram a ser popularizados.

Esta popularização não deveria ser maléfica, se fosse bem feita. E ela o seria se incutisse nas pessoas a idéia correta sobre o papel de uma universidade na sociedade. Até hoje, quando vemos os comerciais das faculdades pagas, podemos perceber que eles anunciam uma formação profissional qualificada. Isso não deveria ser assim! A universidade serve para produção de conhecimento e (acredito) que a única que ainda tenha essa visão seja a Universidade Federal de Pernambuco. Isso, em nosso estado (claro).

Não é atoa que certos episódios acontecem a alguns alunos de faculdades privadas. Por exemplo: certa vez um amigo me disse que estava tendo dificuldades no sexto período de administração de uma certa faculdade privada, com a disciplina de Administração Financeira. Como era uma de minhas favoritas nos tempos de faculdade, fui procurar saber, com ele, o que estava acontecendo. Minha primeira pergunta foi "qual o autor que o teu professor está usando?" e (pra meu espanto) a resposta dele foi "hã?".

Surpreso, achei que ele não tivesse me escutado bem e refiz minha pergunta de forma mais objetiva. "Vocês tão usando o livro de Gitman ou o de Alexandre de Moraes?" perguntei. A resposta dele foi pior que a encomenda: "Quem porra é Gitman? Sei lá quem é esse “arrombado dos cavalo”!". Nessa hora eu não sabia se ria ou se chorava. Depois de algumas risadas, ele me explicou que na faculdade dele as matérias eram dadas com o uso de apostilas (como nos cursinhos pré-vestibulares).

Aquilo me fez ter a verdadeira noção de como o ensino superior é usado no Brasil. As faculdades privadas estão sendo pagas para formar técnicos e não bacharéis! Não é de se espantar o por quê do preconceito com profissionais oriundos destas instituições de ensino.

Só pra deixar claro: conhecer um autor, NÃO é ser um bom aluno. Mas é o primeiro passo para saber como se construiu aquele conhecimento que você está tentando adquirir. Saber como ele chegou naquele raciocínio é fundamental para que você possa tentar desenvolvê-lo e, assim, gerar mais conhecimento, melhorar os processos e desenvolver a sua área de estudo. É pra isso que a universidade serve: CONHECIMENTO! Por mera consequência é que, no processo, são desenvolvidos bons profissionais. Mas nem de longe essa é a atividade fim de uma Universidade.

Mas daqui que isso passe a ser entendido dessa forma, pelo menos pela maioria das pessoas que constroem o sistema...