segunda-feira, 20 de junho de 2011

Um verdadeiro homem

A pouco, estava vendo a entrevista dada por Juninho Pernambucano ao Sportv. Eu sempre fui fã dele, afinal, quando eu era mirim do Sport, ele tinha acabado de ascender ao profissional (sonho de qualquer garoto de qualquer divisão de base de qualquer clube). Então, quando ele chegou ao profissional, Eu e todos que treinavam no Sport sentimos que era possível realizar esse sonho.

Lembro como se fosse hoje ele entrando em campo careca, com uma cabeça maior que o corpo. É que o pai dele (pelo menos assim reza a lenda que nos era passada no colégio rubro-negro) só o deixou jogar profissionalmente depois que ele passou no vestibular. Verdade ou não, ele foi o primeiro jogador que vi que não cometia erros de concordância e só isso já era um fato para admirarmos nele.

Com o passar o tempo e as conquistas (além do fato, é claro, dele ser pernambucano e torcedor do Sport) minha admiração por esse cara só cresceu. Apesar das muitas injustiças cometidas com ele na seleção e algumas pela imprensa (assim como com Rivaldo) ele continuou respondendo dentro de campo e com a cabeça erguida, como bom pernambucano.

Hoje, percebo que aquele cabeçudo não era só intelecto e talento, mas também muito coração. Mesmo que esse coração bata mais forte pelo Vasco, onde ele se tornou o profissional que eu queria que ele tivesse sido no Sport, ainda assim, o amor que ele demonstra pelo Clube de Regatas Vasco da Gama é algo que não vejo faz tempo em um jogador profissional.

Ele topar jogar com um contrato onde ele ganhará apenas um salário mínimo é algo irreal. Sei que ele já é milionário e que dinheiro não é mais algo que faça falta para JP, mas o fato que não conheço outro jogador que tenha topado fazer a mesma coisa que ele está fazendo. E olhe que existem outros bem mais idolatrados que ele.

Acredito que nunca veríamos, por exemplo, Edmundo fazendo a mesma coisa pelo mesmo Vasco. Ou kuki pelo Náutico, ou Renato Gaúcho pelo Grêmio etc... A diferença não está no amor pela camisa ou na história com o time. A diferença entre JP e todos os outros está na honradez. Por consciência de que pode não render o que se espera dele, ele escolheu por fazer o que é certo e o que poucos profissionais fariam.

A diferença dele para os outros está na humildade de reconhecer-se como ser humano limitado pela idade (fator preponderante para queda de rendimento de um atleta). No fato de reconhecer-se como uma pessoa que já conquistou mais do que poderia sonhar em conquistar quando iniciou sua carreira. De mostrar que a mera pecúnia não pode comprar seu caráter ou seu amor por uma instituição que fez dele quem ele é hoje (ou que pelo menos completou sua formação de maneira brilhante).

Arrisco a dizer nenhum profissional faria o mesmo que ele fez. Pelo menos não os do mundo da Bola.

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